Santa Sarah Kali, a padroeira do Povo Cigano
Quando falamos de santa Sarah Kali, alguns livros secretos, nos conduz a uma história diferente, da até então, conhecida - uma mais completa e esclarecedora como no livro “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada” de Michael Baigent e “A mulher com vaso de Alabastro - Maria Madalena e o Santo Graal” e alguns outros.
Nesta versão dita
‘proibida’, Maria Madalena, uma mulher rica e bastante influente teve sua
riqueza tentada e assolada, sendo que isso ocorre na mesma época, em que Jesus
teria sumido das histórias e ido para escolas iniciáticas, até seus 30 anos de
idade. Nesse período, Jesus e Madalena se conheceram, e constituíram família, tendo uma filha de
nome Sarah.
Com medo das
possíveis perseguições que ocorreriam a eles, no cumprimento de sua missão Jesus
e Madalena deixaram a pequena Sarah sobre proteção de José de Arimatéia - um rico mercador e grande amigo de Jesus. A princípio ele esconde Sarah entre suas escravas, mas afim de mantê-la
mais segura, José de Arimatéia permuta algumas de suas escravas aos cristãos e
ajudantes de Cristo enviando também Sarah, para que ela mesmo dentro do seu
disfarce pudesse estar perto de seus pais e avós.
Sarah nasceu no
Egito e seu nome Kali, vem da sua cor
de pele, que era negra, assim como sua mãe e também conforme rumores
pelo local onde Jesus nasceu; ele também teria um tom de pele mais escuro
e não branco como foi passado.
A missão de Cristo segue e chegamos ao momento da crucificação, porém o ferreiro incumbido de fazer os pregos era um cigano, que teria sido forçado a forjá-los, sob ameaça dos romanos a si próprio e à sua família. Ele os fez, mas durante a crucificação, chorava copiosamente, clamando pelo perdão. Jesus o perdoa e diz para aquele homem que ficasse em paz, mas ele retruca, dizendo temer pelo que estava porvir ao seu povo. Então Deus fala através de Cristo com aquele homem: “… Seu povo se sentirá liberto e será liberto, quando recolhei aquela que vier das águas…” E essa fala se tornou uma grande profecia entre o povo cigano. Após a crucificação, todos os ciganos e cristãos foram perseguidos; muitos eram capturados e então exterminados ou simplesmente "sumiam". Assim em dado momento, capturaram Maria Madalena, Maria Salomé, Maria Jacobina, além dos dois filhos de Salomé e Jacobina, que eram primos de Jesus e também apóstolos, e junto estava Sarah, a filha de Jesus. Eles foram colocados num barco sem remos, água, comida, velas e lançados ao mar para que padecessem e morressem.
Nessa situação, todos entraram em desespero assolados pela
morte que os esperava, mas Sarah, se manteve calma e serena, pegou o seu lenço
chamado diclô, cobriu sua cabeça, se ajoelhou e colocou suas mãos espalmadas em
posição de prece e clamou a Deus que se todos fossem salvos, ela daria
continuidade a missão de seu Pai, levando o grande Amor de Cristo em nome de
Deus para o mundo. Milagrosamente através da intervenção em oração de Sarah, o
barco foi empurrado por uma corrente marítima até o Sul da França, a capital de Camargui, hoje conhecida como Sant Marie de La Mer (Santas Marias do
Mar).
Assim que o barco
apontou para o litoral, havia ali, alguns homens pescando, e eram ciganos. Eles ajudaram a puxar o barco até a beira
da praia e retiraram os apóstolos e as 3 Marias de dentro do barco,
ficando somente na mesma posição em
agradecimento a menina Sarah. E quando os ciganos anciões daquela caravana que
acampava na beira do mar viram finalmente Sarah, pisar em terra, eles recitaram
a profecia de Cristo no momento de sua crucificação: “… Seu povo se sentirá
liberto e será liberto, quando recolhei aquela que vier das águas…”A empatia e
afinidade pelo povo cigano com a menina Sarah foi imensa, todos cuidavam e
veneravam a grande santa Sarah recebida do mar, como dito na profecia de
Cristo.
Maria Madalena sua
mãe, continuamente perseguida por portar o santo Graal (o útero que se dispõe
no seu sagrado feminino em forma de cálice) e que recebeu o sangue de Cristo
como sua esposa, dando continuidade a sua prole, assim, Sarah é a concepção do sangue de Cristo em
seu ventre. Assim, Maria Madalena foge mais uma vez, para proteger Sarah, os dois
apóstolos primos de Cristo caminharam em peregrinação pelo mundo levando a
palavra de Cristo. As Marias: Jacobina e Salomé que já eram bem velhinhas, ficam
e junto daquela caravana cigana, cuidam de Sarah em Saint Marie de La Mer.
Maria Madalena, se
refugiou em uma caverna no Sul da Itália, onde supostamente teria ficado até
sua morte. Sarah sob os cuidados das anciãs e dos ciganos, com o tempo
foi se tornando uma grande alquimista, a grande médica dos pobres. Através do
seu conhecimento das ervas, ajudando a fazer partos e as mulheres engravidarem - Sarah a cada dia encantava ainda mais o povo que a acolhia, tornando-se uma
grande curandeira.
Após um
tempo, com tamanha confiança naquele povo que a recebera tão bem, ela contou sua
real história e identidade, sobre de quem era filha e porque tudo aquilo
tinha acontecido. O povo cigano então, não só se manteve cuidando dela, como a
protegeu e não deixou que o seu grande segredo saísse dali.
As anciãs Marias Salomé
e Jacobina irmãs de Maria, mãe de Jesus faleceram, Elas ganharam um altar na
igreja de São Michel, com um barco e seus restos mortais, são içados no alto dessa
igreja até os dias atuais.
O tempo passa, e Sarah se torna a grande mãe, amiga, curandeira, líder religiosa, além de a patrona do povo cigano e dos desvalidos em geral. Após uma grande jornada com todos os partos, curas e mais milagres trazidos por Sarah, em sua morte, os ciganos, a levam até a igreja católica para que a canonizassem, e a tornassem santa, mas a igreja não aceita Sarah como uma santa, pois já haviam desconfianças e rumores de quem era aquela santa mulher. Então a igreja declara que a mulher era negra, escrava e não aceitam a história trazida pelos ciganos, afinal isso iria contradizer a versão deles contada, onde Jesus era celibatário, sua cor, etc.
Aos olhos da igreja para
proteger os segredos eclesiásticos, Sarah deveria ser esquecida na história;
porém, houveram estremecimentos dentro da própria igreja, com contextos contrários e em
defesa da verdade, do Santo Graal e da descendência de Cristo, onde muitas
guerras foram travadas pela igreja, não só pelo seu enriquecimento, mas pela
guarda da forjada “verdade” trazida por eles e que se sustentam até os dias de
hoje.
Os ciganos, após a negação da igreja sobre o nome de Sara Kali, fizeram com que Sarah ganhasse o seu próprio templo. Levam os restos mortais de Sarah para uma gruta próximo ao mar, onde a água doce corria da gruta e encontrava com as águas salgadas do mar. Assim que enterraram Sarah, o povo cigano pegou do barro daquela gruta e fizeram a imagem de uma santa juntamente com a inscrição “…das águas viestes e para as águas voltarás”. Aquele se tornou então, o local sagrado de adoração a Santa Sarah Kali, aonde os ciganos iam com seus filhos e os batizavam nas águas da gruta; faziam suas orações e pedidos, seus cultos e oferendas e mantinham sua sagrada chama sempre acesa.
A água da gruta se
tornou um santo remédio, onde o povo a colhia para tratar e curar doentes e
feridos e muitos milagres aconteciam. Os ciganos e toda a
população pobre, defendidos por Sarah, começaram a peregrinar em seu nome,
disseminando a sua devoção, tornando a sua gruta um local cheio e
repleto de muitos fiéis. E sempre do barro do local, várias imagens eram
feitas pelos ciganos.
A gruta de Santa
Sarah, a cada dia que passa ficava mais lotada e repleta de seguidores pelos
seus milagres e a igreja não se conformou, com os movimentos que estavam
acontecendo retirando os fiéis da igreja e levando-os para aquele local. A Igreja
então com todo o seu poder, invadiu aquele pequeno vilarejo, dizendo que Sarah
não era santa, e retirou sua imagem de barro e seus restos mortais; levando-os
para dentro da igreja, mas Sarah, não ganhou um altar dentro da igreja, como
suas tias. Ela foi colocada nas criptas, no subsolo da igreja, nos túmulos
junto a outros corpos de padres e outros nobres, onde ela está até os dias de
hoje.
O objetivo da igreja, era na verdade, sanar toda aquela devoção a Sarah, uma vez que o povo cigano por ser considerado pagão, era proibida sua entrada na igreja. E levando seus restos mortais para lá, não haveria mais acesso, mas de nada adiantou. Pois, até hoje, nos dias 23 e 24 de Maio - se faz a festa em Saint Marie de La Mer, o encontro das Marias do Mar, saindo a procissão com as Marias na frente, com o barco com suas imagens, com a pompa da igreja na frente e pouquíssimas pessoas. Já a estátua de Sarah vem logo atrás, com seus mantos que são oferecidos a ela em promessas e pedidos feitos e uma grande multidão, inclusive com seus guardiões fazendo a grande eslava a Santa Sarah. É costume fazer a promessa e oferecer a ela o diclô - o lenço que cobre sua cabeça e ombros.
Porém os ciganos de sangue, quando são conhecidos e identificados como tais, são impedidos de entrar na igreja, onde estão os restos mortais de Sarah. Sendo esse, o único dia, onde a imagem e os restos mortais de santa Sarah Kali veem a luz do dia, indo em procissão até o mar. E já que os ciganos não podem freqüentar a igreja, a adoração a santa continuou sendo na sua gruta, e o barro de lá, sempre servindo para fazer sua santa imagem.O cigano vai até a gruta, do seu barro constrói sua imagem e coloca seus adereços como ouro, cabelos, lenços e outros e assim transformava aquela imagem em um amuleto de sorte para levar consigo em sua caravana e em suas viagens para a proteção do seu povo. Como ritual, em qualquer lugar do mundo, sempre que algo acontece com essa imagem, caso ela quebre, ou algo do tipo, eles retiram todos os adereços e entregam novamente essa imagem para as águas daquele lugar onde ele está acampado: “… das águas viestes e para as águas voltarás”. E dali mesmo retira-se o barro e produz uma nova imagem, colocando os adereços nessa nova imagem.
Em mais uma tentativa de amenizar o preconceito relativo às madonas negras, em 1772 deu-se início a um culto feito a elas pela igreja. santa Sarah foi incluída porém uma nova temática surgiu: sobre uma possível virgindade, já que tais histórias são trazidas oralmente, perde-se no tempo através desse ato, uma possível descendência à partir de Sarah, do sangue de Cristo em novas descendências. Não sabendo ainda de forma clara, se Sarah foi casada ou se teve filhos, talvez quem sabe até mesmo no meio cigano, mas que através do seu casamento, tenha dado continuidade ao DNA de Cristo. Através desse culto às virgens negras, Sarah foi reconhecida, mas não canonizada pela igreja como sendo santa.
Santa Sarah Kali e o Brasil
Por volta do ano
1700 no rio Paraíba do Sul em São Paulo, alguns pescadores estavam desesperados
pois, não conseguiam peixes para alimentar suas famílias e tão pouco pagar os
tributos exigidos. Em mais um dia sem sorte, um deles resolveu fazer uma prece,
rezou aos céus como Sarah rezou e jogou a sua rede nas águas, ao puxar a rede,
presa à malha veio a parte do corpo de uma imagem de barro, o pescador então
abismado, recolheu aquela parte e jogou novamente a rede, e veio a cabeça que
encaixou perfeitamente ao corpo. Era uma imagem de uma santa de barro, negra, de
feições rústicas e como um milagre, a partir daquele momento, os peixes passaram saltar no rio, e também para dentro do barco
e naquele dia, ocorreu uma imensa fartura.
Aquela imagem passou a ser a santa de adoração da população ribeirinha, e muitos relatos de milagres passaram a ser registrados, tais como o rompimento dos grilhões de um escravos que fugia do senhor de engenho, que entrou a cavalo na capela erigida à ela com o passar dos tempos; onde a ferradura do animal ficou presa no chão. E mais uma vez, a Igreja Católica interveio, e não a assumiu como santa aquela imagem, negra, de feições rústicas... Assim, na intenção de deixar aquela imagem com traços mais europeus (para se enquadrar nos contextos da igreja), eles colocam um manto azul com dourado sobre a imagem, uma coroa, uns anjinhos aos seus pés e batizaram-na como Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Porém, estudos feitos quando a imagem foi restaurada demonstraram, que o barro utilizado não pertence ao local onde foi encontrada (rio Paraíba do Sul), e tão pouco se sabe a origem do mesmo. Provavelmente, algum agrupamento cigano em suas viagens fez seu amuleto com o barro original de Saint Marie de La Mer e acampados próximos ao rio Paraíba do Sul, por algum motivo teve seu amuleto do barro original quebrado, e seguindo a tradição devolveu aquela imagem as águas. O que traz o entendimento de que Nossa Senhora Aparecida, também padroeira do povo cigano em solo brasileiro é a mesma santa Sarah, sua padroeira original. Mesmo com um novo batismo, renegada mais uma vez pela igreja e sendo dado a ela, o nome de sua avó Maria, Sarah Kali segue sendo milagrosa para aqueles que a consideram como Santa em seus corações.
Muitos ligam a
possibilidade de Nossa Senhora Aparecida ser na verdade, Maria Madalena, o que é
uma grande e possível confusão, justamente pela história relatada sobre a
imagem de Nossa Senhora Aparecida. A imagem que possivelmente representa Maria
Madalena, é a da Santa Madona Negra, que carrega em seu colo uma criança, que
seria possivelmente Sarah, já a imagem de Aparecida, tem suas mãos
em prece, que é um ato característico de Sarah. Ou isso, ou a própria imagem da Madona Negra com a criança no colo, poderia ser a própria Sarah com seu filho e a certeza da continuidade do sangue de Cristo vivente na terra? Tal situação fica aberta a interpretações.
Graças aos seus
grandes costumes, o Povo Cigano segue até os dias de hoje tendo Sarah Kali como
sua grande padroeira e se relacionando com divindades locais por respeito a
terra onde pisam, e não por coincidência no Brasil; a grande santa padroeira
local para o povo cigano é Nossa Senhora Aparecida, a grande Virgem Negra, santa
Sarah Kali, a filha de Jesus.
Há também clãs
ciganos que atuam dentro de sua cultura local, os que não acompanharam tal fuga
ou são anteriores a ela - e fazem
reverência a santa Sarah Kali por sua história, dedicação e bênçãos. Muitos desses clãs, mantém suas raízes
culturais e espirituais cultuando os Deuses Egípcios por exemplo, outros já são
católicos, mas em comum, todos possuem um grande carinho por Sarah e Kristesco
(Jesus Cristo) e continuam seguindo e
respeitando os grandes contos, mitos e lendas passadas por seus anciões.
Que santa
Sarah Kali, no dia de hoje e para todo o sempre nos abençoe e nos ilumine!
Optchá!