Por Torkon Saraydarian
Esse processo de
iluminamento é levado a efeito através de nossos esforços direcionados ao
pensar correto, à concentração, à meditação; e a uma vida vivida em harmonia
com o ritmo da Presença interior, até que a luz, ou o intelecto da alma humana,
seja despertada e liberada em sua capacidade plena para fundir-se com o
intelecto da Alma e então reintegrá-la.
A Sabedoria Antiga
ensina que há no homem uma Presença que pensa... Essa presença é uma luz
localizada na atmosfera mental superior. Ela tenta alcançar os átomos da
substância física, emocional e mental, penetrá-los com sua própria luz e
coordenar, fundir e criar um instrumento através do qual sua luz possa irradiar
como energia iluminadora, curadora e voltada para o mundo superior.
No homem comum essa
luz é vacilante e não consegue penetrar em todos os estados da mente para tocar
o cérebro. Somente em ocasiões raras e críticas a luz pode manifestar-se e
proporcionar ao homem uma orientação e inspiração breve, incomum. Num homem
evoluído, essa luz lentamente penetra na substância toda da mente e, à medida
que penetra, a consciência do homem se expande.
Sua consciência se
expande quando a mente, em parte ou no todo, é gradativamente capaz de
assimilar e refletir a luz e transformar-se em luz. Os átomos de sua mente têm
inicialmente uma luz esmaecida, mas à medida que se tornam sensíveis à luz da
Presença, tornam-se átomos radioativos na atmosfera mental.
A Sabedoria
Imemorial ensina que:
“Antes que nosso
globo assumisse a forma de ovo, unia longa faixa de poeira cósmica ou névoa de
fogo movia-se e retorcia-se como unia serpente no ESPAÇO.”
“Milhões incontáveis
de anos... decorreram até que essa poeira se agregasse para formar o globo em
que vivemos...”2
“Cada globo é uma
cadeia setenária de mundos dos quais somente um membro é visível.”3
“A Terra estava numa
condição comparativamente etérea antes de chegar ao seu último estado de
consolidação.”4
Tem-nos sido dito
repetidas vezes que a Terra era etérea, ígnea e depois tornou-se radiante, em
seguida aquosa e na seqüência materializada. O mesmo aconteceu ao
homem. O homem era essencialmente etéreo e ígneo, depois tomou-se radiante, a
seguir aquoso e finalmente desenvolveu seus ossos e corpo físico. Nosso globo está
agora no quarto ciclo de sua grande jornada. Cada globo tem de passar por sete
grandes ciclos, denominados Rondas. Nosso globo está agora na Quarta Ronda.
Nosso sistema solar
é o corpo de uma Grande Entidade, entidade essa que tem sete grandes centros em
Seu corpo. Esses sete centros são as grandes vidas que animam sete
planetas sagrados. Planetas sagrados são aqueles cujas Almas passaram por
certas iniciações e desdobramentos cósmicos. Em cada período
global desenvolveram-se sete raças principais e sabemos que hoje nos
encontramos na Quinta Raça. Nosso planeta teve a
Primeira Raça e depois a Segunda Raça (5) A Terceira recebeu a denominação de
Raça Lemuriana. A Quarta foi chamada de Raça Atlântida. E a Quinta, a atual, é
a chamada de Raça Ariana.
No período mediano
da Terceira Raça, a Lemuriana, dezoito milhões de anos atrás, aconteceu um
grande evento. A Grande Vida(6) de nosso planeta viu que a humanidade não
estava se desenvolvendo na proporção do desenvolvimento das vidas dos outros
planetas e, de certo modo, estava retardando o seu progresso dentro do sistema
solar.
Ela decidiu
reencarnar nos níveis etéricos superiores e ajudar a humanidade. Com este
objetivo, Ela trouxe dos reinos superiores alguns Seres que eram Almas
evoluídas em ciclos anteriores. Ela também pediu, a ajuda de seis outras
Grandes Vidas que estavam carmicamente próximas a Ela.
Em muitas
religiões,, no Ramayana, Mahabharata, Bíblia, nos antigos escritos da China,
Caldéia, Grécia e América do Sul, encontra-se a tradição de que Seres avançados
e hostes de Anjos visitaram este planeta e andaram entre os homens. Diz-se que há milhões
de anos essas hostes de Anjos se aproximaram da humanidade para lançar a
centelha em suas mentes ou para nelas fazer sua morada, mas viram que o homem
primitivo ainda não estava pronto para ser carregado com uma voltagem tão alta
de energia e assim se afastaram.
A segunda onda de
Anjos, séculos após, fez outra aproximação e esses Anjos viram que o animal
humano estava agora parcialmente preparado. Puseram então uma substância ígnea
de sua natureza na nuvem mental de alguns dos homens primitivos. Isto inicialmente
criou um grande desastre à forma, e milhões de formas dos homens primitivos
fragmentaram-se e se desintegraram. Por outro
lado, quando estes animais humanos encarnaram novamente eles tinham corpos mais
bem equipados para suportar o fogo mental e para receber os Anjos Solares. Este fogo mental deu
ao homem a qualidade de “eu”, um sentimento de identidade e o impulso para
buscar e inquirir.
A terceira onda de
Anjos veio mais tarde, e penetrou naqueles animais humanos que haviam recebido
a substância ígnea. Eles se posicionaram no plano mental, no qual a onda
anterior de Anjos havia depositado a substância ígnea. Essa substância
formou uma atmosfera apropriada em que eles podiam operar para construir a
ponte entre o homem inferior e a “centelha decaída”, ou para despertar o Homem
real, a Mônada, ajudá-lo a controlar o mecanismo inferior e expressar a si
mesmo plenamente através desse mecanismo com o fim de adquirir experiência. Foi
aqui que teve origem a ioga.
A vinda desses Anjos
não foi simultânea. Eles chegaram em períodos sucessivos. Aqueles que primeiro
receberam a centelha de fogo progrediram rapidamente, e os homens que primeiro
receberam os Anjos tornaram-se instrutores e líderes do resto da humanidade.
Mas aqueles que, devido ao retardo, não puderam nem mesmo receber a centelha,
esses “permaneceram sem mente”.
O Livro de Dzyan, um
dos mais antigos registros da sabedoria, narra esses acontecimentos com as
seguintes palavras: “Os filhos da
sabedoria, os filhos da noite, prontos para o renascimento, apresentaram-se.
Viram a forma vil do primeiro terço. ‘Nós podemos escolher’, disseram os
Senhores. ‘Nós temos sabedoria.’
Alguns entraram nas
sombras. Alguns projetaram uma centelha. Alguns adiaram até o quarto. Com sua
própria forma encheram o Kaina. Os que
entrataram tornaram-se Arhats. Os que receberam apenas uma centelha
permaneceram destituídos de conhecimento: a centelha queimava baixo. Os da
terceira permaneceram sem mente. Suas vidas não estavam prontas. Esses foram
parados dos sete. Eles se tornaram tacanhos. Os da terceira estavam preparando
‘Nesses é que habitaremos’, disseram os Senhores da chama e da sabedoria
negra.”7
OBSERVAÇÕES
1. “Filhos da noite”
são aquelas Almas que estavam tomando expressão após uma pralaya, que é o longo
ciclo de descanso após um longo ciclo manifestação. Na literatura sânscrita,
esses ciclos são chamados as Noites os Dias de Brahma. Esses Anjos eram Almas
evoluídas de ciclos de manifestações anteriores e, após um longo ciclo de
descanso, vieram ajudar a humanidade infante, “em virtude de efeitos cármicos”.
2. “Primeiro terço”
refere-se à primeira metade da Raça Lemuriana, Terceira Raça. A “Quarta” é a
Quarta Raça, ou Raça Atlântida.
3. As “formas vis”
eram os animais humanos que não tinham intelecto a Centelha, a Mônada, ainda
estava inativa. Eles não tinham Almas. Nas três Rondas anteriores e nas
“primeiras duas e meia raças da Ronda atual”, essas formas cambiantes
revestiram a Mônada, a Centelha, o Homem Real.
4. Esses Anjos
vieram para entrar no homem por duas razões: dar um grande impulso ao progresso
da raça humana, criando uma ponte entre a Mônada e a forma, e também dar
prosseguimento à sua própria evolução.
A Doutrina
Secreta ‘diz que “o manas (desses Anjos) devia passar por experiências humanas
terrestres para tomar-se todo-sábio e ser capaz de dar início ao ciclo
ascendente de retorno”.8
A vinda desses Anjos
acelerou enormemente a evolução da raça humana. Alguns indivíduos chegaram a
alcançar um estado de consciência que denominamos plenificação da Alma, em que
o Anjo e a luz do Anjo fundem com a luz da alma humana em evolução. Esses seres
evoluídos tornaram- líderes de grupos humanos em diferentes campos, de acordo
com seus raios ou tipos.
A Presença em nós é
o Anjo Solar. Este é o Pensador dentro de nós. Mestre tibetano, estabelecendo
as regras para magia, diz: “O Anjo Solar
recolhe-se, não dispersa sua força, mas, em profunda meditação, comunica-se com
sua reflexão.”9
“Quando a sombra
responde, em profunda meditação o trabalho prossegue. A luz inferior é lançada
para o alto; a luz maior ilumina os três e o trabalho do quarto prossegue.”10
A meditação é um dos
meios utilizados para fortalecer a influência da Presença sobre a personalidade
e torná-la sensível à sabedoria que se irradia dessa Presença.
A reflexão é a
sombra da Mônada; ela aparece como uma luz difusa nos veículos inferiores, nos
planos físico, emocional e mental. À reflexão, ou sombra, damos o nome de alma
humana em evolução, a qual tem como origem a Mônada, a Centelha.
O homem em sua
essência é a Mônada, a Centelha, mas a Centelha “decaiu” e vai à escola através
dos reinos elemental, mineral, vegetal, animal e humano. É somente no reino
humano que, pela ajuda do Senhor que vem, a luz difusa da Centelha começa a ser
despertada e a formar a consciência da identidade do sentido de “ipseidade”, de
“Si-mesmo”, ou um centro em si mesmo, uma individualidade. Este florescimento
ou despertar necessitará de eras. A alma humana em evolução passará, através de
iniciações (expansões de consciência), ao estágio em que será capaz de ver sua
própria profundidade interior e seu próprio devir. Ela perceberá sua
qualidade real e conscientemente vai caminhar até seu trono para presidir seu
reino como um Senhor consciente, liberando as pequenas vidas com as quais entra
em contato.
O homem, a Mônada
“caída”, o “fragmento”, ou a semente, está no caminho de construção de seus
veículos de manifestação. Ele tem seu corpo físico e etérico, seu corpo
emocional e mental, e está no processo de construção de seus centros de força e
energia nos planos etérico e mental superior. É nesse nível que se
encontra o homem comum.
Um iniciado de
terceiro grau tem um Lótus de nove pétalas desdobrado e construiu a primeira
parte do Antahkarana, a, Ponte do Arco-Íris.
O Anjo Solar é a
visão e o modelo do homem. O homem se eleva de baixo até essa visão e até esse
modelo. O Anjo Solar desce do alto, como a contrapartida superior do homem.
Além do plano
mental, o homem comum não tem nenhum mecanismo superior. Os veículos intuitivo,
átmico, monádico e divino estão em embrião no núcleo da “Mônada”, mas ainda não
estão abertos e não têm cxistência Ativa. O corpo intuitivo,
os veículos átmico, monádico e divino do Anjo SOLAR que fazem parte da natureza
do homem não pertencem a ele, mas são veículos do Anjo Solar.
Até o final da
Quarta Iniciação, o homem gradativamente constrói seus veículos intuitivo,
átmico e monádico a partir de sua própria essência, com a correspondente
substância do Logos Planetário. Sua formação ocorre à semelhança do modelo dos
veículos do Anjo Solar. Depois que esses
corpos estão até certo ponto formados e utilizados pelo homem em si, o Anjo
Solar o deixa com Seus corpos superiores, para dirigir-se a reino superiores. Em raros momentos de
exaltação e êxtase, o homem experimenta a beleza e a beatitude dos veículos
superiores do Anjo Solar através da iluminação da inspiração, mas em seguida
volta ao seu hábitat ordinário, os veículos da personalidade.
Sua
comunicação com os planos superiores torna-se mais fácil quando ele começa a
agir sobre os planos mentais superiores através do Antahkarana. Como o homem
constrói a Ponte do Arco-Íris da unidade mental ao átomo mental permanente, do
mesmo modo, a seu tempo, ele construirá o correspondente superior da Ponte do
Arco-Iris, que passa através do átomo mental permanente para a Tríade
Espiritual. Quando constrói essa
ponte, ele tece, partir de sua própria essência e a partir da substância do
Plano Físico Cósmico as correspondentes vestes e veículos, para poder trabalhar
e viver nesses plano superiores.
Cada iniciado tem
suas próprias vestes nos planos búdico, ático monádico e divino, em graus
variados de beleza e desdobramento. As vezes mesmo grandes Iniciados fazem uso
de veículos dos outros para ir ao encontro de necessidades especiais dos
ciclos. Por exemplo, diz-se que Cristo utilizar o veículo búdico do senhor Buda
quando reaparecer no plano físico.
No Novo Testamento
há uma pista sobre vestimentas. Em uma de sua parábolas, Jesus disse que um
homem apareceu numa grande festa, mas com não estava vestido apropriadamente,
foi conduzido para fora. A festa refere-se a
um estado elevado de consciência nos planos superiores mental, búdico átmico ou
monádico. Ele entrou num desses planos, possivelmente o plano mental superior,
sem ter o direito a isso, provavelmente através de exercícios de respiração, ou
devoção e aspiração excessivas.
Uma estrofe muito
antiga que fala sobre o mistério do homem é apresentada no Imã da Vida:
“Há um sol.
Outro sol surge no
horizonte.
Entre esses dois
sóis surge uma forma.
O segundo sol
esconde o primeiro,
E então os dois sóis
se combinam e se fundem...
Um terceiro sol é
visto.”
Temos aqui três
Sóis. Primeiro, “havia um sol”. Este era a Centelha, a Mônada, a qual, como o
filho pródigo, se materializou e se identificou completamente com o reino
mineral. Eras e eras se
passaram até que pudesse iniciar-se nos reinos vegetal e animal. Durante o
Quarto Globo, essas Mônadas foram iniciadas como a primeira humanidade-animal
na Terra.
O progresso aqui foi
muito lento, tão lento que o Ancião dos Dias e os Anjos Solares decidiram
apressar a evolução da humanidade através do processo de individualização.
Sanat Kumara reencarnou nos planos etéricos superiores, e os Anjos Solares
entraram naqueles corpos que estavam preparados para recebê-los. Cada Anjo Solar era
um “Sol”. E cada ser humano que estava pronto tinha um Anjo Solar, um Sol, que
tinha poderes para dar vida, luz e amor a cada forma animal chamada de ser
humano, em que o primeiro Sol estava perdido ou adormecido.
Imediatamente,
quando este segundo Sol apareceu nos reinos mentais superiores do ser humano,
uma forma tornou-se visível entre esses dois Sóis. Esta forma era o botão do
Lótus ou Cálice,11 utilizada pelo Anjo Solar para dar Sua luz, amor e poder ao
primeiro sol e torná-lo capacitado a galgar a escada da evolução, a cumprir seu
destino. Por fim, este
primeiro sol, que estava identificado com os mundos físico, emocional e mental,
foi gradualmente absorvido pela luz e pela realidade do Anjo Solar e tornou-se
um com Ele. Assim, ele foi suprimido como sol separado, embora não perdido. As eras se passaram.
Esse sol suprimido lentamente nasceu do ventre do Anjo Solar, galgou a escada
espiritual e tornou-se ele mesmo. Este é o terceiro Sol que é “visto”, a Mônada
em toda a sua glória. O primeiro e o
terceiro Sóis são um. O primeiro se perdeu em maya, no encanto e na ilusão, e
se tornou um mero reflexo do seu verdadeiro Eu. O segundo o libertou
e o conduziu, primeiro, à consciência Solar ou consciência da Alma, onde ele
foi suprimido (se perdeu para se encontrar). A seguir, Ele o conduziu ao seu
verdadeiro Eu. Quando o primeiro sol tornou-se o seu verdadeiro Eu, “um
terceiro sol foi visto”; o reflexo estava perdido na sua verdadeira Realidade.
1. Blavatsky, H. P., The Secret Doctrine, Vol. 1, p. 103.
2. Ibid., p. 667.
3. Ibid., Vol II, p. 739.
4. Ibid., p. 261.
5. Raças Polar e
Hiperbórea.
6. Esta Grande Vida
é conhecida por nomes diferentes em diferentes tradições. É chamada de Ancião
dos Dias, Sanat Kumara, Observador Silencioso, Juventude das Fontes Eternas,
Melquisedeque etc.
7. Blavatsky, H. P., Two Books of lhe Stanzas of Dzyan, pp. 192-194.
8. Blavatsky, H. P., The Secret Doctrine, Vol. II, p. 176.
9. Bailey, Alice A., A Treatise on White Magic, p. 51.
10. Bailey. Alice A., A Treatise on White Magic, p. 71.
11. Ver Saraydarian, H., The Science
of Becoming Oneself, Cap. XII, e The Hidden Glory of the Inner Mon,
Cap. XII.
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