O mais famosos dos heróis nórdicos e um pesadelo vivo para a
França e Inglaterra, Ragnar Lodbrok foi engolfado pela lenda em torno de seu
nome. É atribuída a ele uma descendência direta de Odin, o que seria capaz de
explicar seus grandes feitos. Analisar o homem por trás da lenda é um grande
desafio, já que as fontes são escassas, confusas e misturam lenda com
realidade. É aceito que Ragnar era um dane que viveu durante o governo de Horik
I, no século IX e comandou a imensa frota de navios que saqueou Paris em 845.
Seu nome faz referência a roupa que costumava usar. Lodbrok
pode ser traduzido como “calças-peludas”. E pode-se dizer que foi um rei para a
Suécia e Dinamarca, de acordo com o Gesta Danorum, escrito por Saxo
Grammaticus, entre os séculos XII e XIII. Ragnar teria sido filho de Sigurd
Ring, um rei sueco que conquistou a Dinamarca, membro da linhagem Ynglings, a
quem sempre foram atribuídos feitos lendários nas Sagas, além de, como dito
acima, uma ligação direta com o próprio Odin.
Acredita-se que Ragnar tenha saqueado a França inúmeras
vezes, usando os rios para navegar com sua frota até o coração do império
Franco. Fontes relatam que na sua mais notável investida, em Paris no ano de
845, ele não queimou uma única casa, já que aceitou o suborno do Rei Charles, o
Calvo, que pagou a ele mais de 7000 libras de prata. Com uma armada de mais de
5000 guerreiros, Ragnar partiu até o estuário do rio Siena, saqueando com
afinco cada uma das cidades que pôde encontrar em seu caminho, incluindo Rouen,
até que finalmente chegasse em Paris no dia 28 de Março, segundo a tradição.
Diante da facilidade em saquear a cidade, já que o próprio rei o subornou com
uma quantia extremamente generosa de prata, não é difícil de imaginar o porque
dele ter voltado lá inúmeras vezes depois.
Sendo um homem engenhoso, Ragnar preferia atacar cidades
cristãs nos dias de maior festejo, pois assim encontraria a população
desprotegida e despreparada para um ataque relâmpago e irrefreável. Desde que
sentiu o gosto da conquista, ele jamais parou, levando uma vida muito bem
sucedida de “pirataria”. Costumava contar aos outros que só fazia isso, de não
deixar de aventurar-se jamais, pois não desejava ser superado por seus filhos
que também eram valorosos guerreiros que serão tratados aqui num futuro
próximo. Certamente uma espécie de disputa familiar, uma rinha interna, que só
os motivava a busca de novas e arriscadas conquistas.
Quando voltou sua atenção para a Inglaterra, Ragnar
encontrou seu fim. Depois de alguns saques à região, acabou sendo capturado
pelo Rei Aelle da Nortúmbria, que ordenou sua execução arremessando-o em um
fosso cheio de serpentes venenosas. De acordo com a lenda, Ragnar lutou como
pôde com os animais peçonhentos, numa tentativa de ainda assim merecer seu
lugar no Valhalla. Mesmo inchado e abatido pelo veneno das serpentes, ele
cantou e suplicou para que os ventos no norte levassem seu apelo aos seus
filhos. Esta canção é conhecida como Krákumál e provavelmente foi criada no
século XII, onde Ragnar clamou uma vingança de sangue, o único meio para que
sua alma desonrada pelo veneno fosse merecedora do Valhalla. Ivar, Sem Ossos e
Ubbe, ambos filhos de Ragnar, partiram para vingança assim que ouviram a
história. Compondo um imenso grupo de guerreiros (hoje chamado de “Grande Invasão
Bárbara”), partiram para a Nortúmbria onde conseguiram vingar Ragnar,
submetendo o rei Aelle à execução da Águia de Sangue, um terrível ritual
reservado aos maiores inimigos do povo do norte.
Apesar de ser considerado quase como um herói em
sua Escandinávia nativa, os relatos confiáveis sobre sua vida são
apenas esboços, baseados principalmente em antigas sagas dos vikings. Até
mesmo a datação de seu reino é incerta: existem fontes que o datam
de 750 a 794, ao passo que outras o consideram
de 860 a 865. Nenhum dos dois períodos confere com o que se
conhece dele: é provável que ele tenha tido poder como um barão
guerreiro de cerca de 835 até sua morte em 865. Provavelmente só foi considerado rei nos últimos cinco anos de sua vida.
As crônicas anglo-saxônicas, ao citar a grande
invasão bárbara de 865-867, nomeia como líderes os irmãos
dinamarqueses Ivar e Ubbe, supostamente filhos de Ragnar.
Fonte https://vikingstotem.wordpress.com/2013/04/23/a-historia-do-verdadeiro-ragnar-lothbrok/
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