sábado, 4 de julho de 2015

Comunicando-se com as Plantas



Por Julia Lucchese

"O grande livro, sempre aberto e que devemos fazer um esforço para ler,
é aquele da Natureza." - Antoni Gaudí

   Se você perguntar a um curandeiro xamã como ele descobriu as propriedades medicinais de certa planta, ele dirá na maior naturalidade: "A planta quem me disse." Isso parece absurdo aos ouvidos civilizados, porque é justamente a civilização que destrói nossa sensibilidade, nosso senso de conexão com os seres. Vivemos numa sociedade que prega o egoísmo mas que é indiferente à introspecção e à individualidade sadia.
   O primeiro passo é justamente desaprender tudo que nos foi ensinado até agora sobre o mundo - como diz Henry D. Thoreau, 'a Natureza é o refúgio dos rebeldes'. Desaprender é mais difícil que aprender. Para se reestruturar, é preciso primeiro passar por um profundo processo de desapego, de destruição interna (é o que retrata o Arcano XVI do tarô, A Torre); mas nem todo mundo está disposto a passar por isso.

    Analise sua reação diante dos seguintes questionamentos: Você vê a planta como seu semelhante? Você a coloca no mesmo nível em que você se coloca? Em que nível você coloca Deus em relação a si? E Deus em relação à planta?
   Se você está achando complicado colocar todos no mesmo nível, é preciso que trabalhe isso em você antes de começar. Não se preocupe, ninguém está exigindo perfeição, o fato de você estar lendo sobre esse assunto já mostra uma pré-disposição em aprender, digo, desaprender.

   Observe como seu Ego interfere na comunicação - que sentimentos vêm a tona quando você faz uma tentativa? Nosso mundo interno se expressa através de impulsos emocionais, analisar esses impulsos é um excelente exercício para o auto-conhecimento. Por isso o mal funcionamento de um órgão é acompanhado de estados emocionais específicos e se expressa nas camadas mais sutis também.
   Somos perfeitamente capazes de sincronizar com outros campos magnéticos, seja o de uma planta, uma pedra, um animal, ou de outro ser humano. Quando o campo eletromagnético do coração toca outro, uma cadeia de eventos ocorre em nosso corpo. O coração - como órgão sensorial - processa o impacto dos eventos externos e os reproduz internamente em forma de alterações de batimentos cardíacos, liberação de hormônios, etc - é o corpo comunicando com si mesmo.

  As plantas são seres muito elegantes - elas esperam que iniciemos a conversa, mas sempre respondem. Assim como a do corpo, a linguagem das plantas é diferente da nossa e para entendermos o que elas tem a 'dizer' precisamos alterar nosso estado de consciência. Através da meditação, desaceleramos o ritmo vibracional do cérebro afim de sintonizar com o sutil estado vibracional das plantas - diminua a atividade mental, tente se desligar dos estímulos externos, mantenha o corpo relaxado, desacelere seus batimentos cardíacos e sua respiração...
  As respostas podem chegar a você de diferentes maneiras, isso depende da sua pré-disposição pessoal. Quando se comunicam com as plantas, algumas pessoas sentem a informação através de sensações físicas - toque as plantas, como seu corpo reage a elas? Outras pessoas escutam - ouça o som individual dessa planta, como ele sincroniza com o som do ambiente? Outras vêem - de olhos abertos, tente visualizar o campo energético ao redor da planta. De olhos fechados, preste atenção às imagens que surgem em sua mente: elas devem ser interpretadas de forma literal ou simbólica?

   Infelizmente, nosso vocabulário é limitado demais para traduzirmos com precisão uma experiência como essa. A língua é domínio da mente, as palavras matam a percepção do coração - falando com o coração, não há limitação da linguagem. A palavra escrita é uma ferramenta de auxílio ao entendimento, mas não é o entendimento em si. Portanto, não tenho a pretensão de ensinar em um sistema passo-a-passo como se comunicar com o reino vegetal - isso você já sabe intuitivamente - só peço que se dê a oportunidade de tentar.
   Masanobu Fukuoka diz:'Devemos procurar a Natureza por si mesmos' - você só pode obter certos conhecimentos através dos próprios esforços. Todo o conhecimento do Universo está na memória do seu campo energético e é acessível aos que se dispõem a tentar alcançá-los. Esse é o princípio da teoria do Universo holográfico - cada pedaço do holograma é uma respresentação exata do todo e reconstrói a imagem inteira. É a idéia do 'microcosmo e macrocosmo', 'assim em cima como embaixo', 'homem feito à imagem e semelhança de Deus', etc.- somos uma representação exata em menor escala do Universo, portanto, a impressão energética fixa no holograma Universal, que é o conhecimento de Tudo e do Todo, está também em cada um de nós. O cérebro tem o papel de sintonizar com a fonte e buscar a informação, mas não é nele que reside o conhecimento.

   Olha só como a simples tentativa de se comunicar com as plantas desafia todo nosso padrão de percepção da realidade! Por favor, encare o que foi dito aqui com leveza, como uma atividade filosófica saudável. Deixo no ar um último desafio: se eu pedir pra você apontar pra você mesmo, para onde você apontaria?

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