sexta-feira, 6 de março de 2015
Mês de Março: Vestígios do Passado
Por Sarah Varcas
Tempos Passados, Realidades Futuras
A energia do cosmos chega a nós em ondas. Ela avança e recua como a maré; alta num momento, baixa no seguinte; entrando, saindo; assustadoramente tempestuosa num instante e maravilhosamente calma em seguida. As mesmas forças que impulsionam os planetas em suas órbitas, irradiam-se ao nosso redor, mudando e reordenando tudo em todos os níveis. Às vezes essas energias nos impulsionam para frente em direção ao novo, apresentando-nos novas perspectivas e novas experiências – esta foi a característica do mês passado. Em outras ocasiões, as energias nos chegam como ecos, despertando o passado para que ele seja concluído. Assim será este mês.
Durante todo o mês de Março, vestígios do passado virão à tona mais uma vez, requerendo nossa atenção. Este é um mês para ligar pontas soltas, concluir processos morosos e avaliar o progresso alcançado até agora. É assim que o universo trabalha. Somos iniciados no novo, mesmo quando voltamos a enfrentar o antigo. Esta é a dança cósmica que modela nossa vida e a vida deste belo planeta que chamamos de lar. É a Fonte Sagrada vivendo através de nós e em toda a nossa volta, respeitando seus próprios ciclos de nascimento e morte, criação e destruição, luz e sombra, o conhecido e o desconhecido. Nascemos desses ciclos e, durante este ano, nosso aprendizado sobre como vivê-los plenamente e sem restrições continuará inabalável.
As primeiras duas semanas e meia de março nos oferecem oportunidades de refletir sobre nosso passado pessoal, não apenas para apreciar o quanto conseguimos progredir num período relativamente curto, mas também reconhecer aqueles pontos da nossa mente e coração que ainda precisam de cura, onde continuamos nos agarrando a crenças que nos limitam, a comportamentos que colocam obstáculos em nosso caminho, e a sentimentos que nos ferem mais e mais. A psique humana é infinitamente complexa e a cura leva tempo, pois trabalhamos através de camadas sucessivas de energia mental, emocional e psíquica calcificadas em formas que precisam voltar ao seu estado fluido, de modo a se moverem pelo nosso corpo, mente e coração e deles partirem. Podemos visualizar essa energia como uma pedra e gradualmente vê-la dissolver-se em areia fofa; ou como um bloco de gelo derretendo-se em água; ou ainda como um barro espesso desfazendo-se em solo macio, onde nova vida pode vir a se desenvolver. Durante todo este mês, a contemplação dessas imagens nos ajudará no processo, quando depararmos com as áreas mais intransigentes de nossa psique e enfrentarmos as consequências da sua (e nossa) rigidez.
Na primeira semana de março, Mercúrio dá uma última olhada para trás – para meados de janeiro, quando se tornou retrógrado – antes de seguir para um novo terreno. Se ainda tivermos que tratar de questões do início deste ano, podemos nos livrar delas de uma vez por todas. Em questões pendentes há mais tempo, é mais provável que, neste momento, procuremos o envolvimento intelectual em vez do emocional; que nos esforcemos para encontrar um entendimento ao nos depararmos com velhos padrões, experiências e sentimentos que pensávamos já terem ido embora há muito tempo. Queremos saber “por quê?!” e esperamos uma resposta lógica. Nada mais nos satisfará. Só que não existe nenhuma resposta lógica para ser obtida! Não estamos no reino do significado ordenado e consequência consistente. Algo mais primário está acontecendo aqui: a reanimação de velhos padrões de energia que necessitam de cura mais profunda. Eles vêm com sua própria sabedoria que pode desafiar o entendimento. O que encontrarmos este mês pode muito bem jogar para o ar quaisquer teorias e crenças que ainda restavam a respeito de nós mesmos, provando serem todas falsas. O quanto estamos dispostos a escancarar a janela e deixá-las ir embora, ainda não sabemos, mas se não tivermos aberto totalmente as janelas da psique por uns instantes, os primeiros dias de março serão um bom momento para fazer isto!
Em 5/6 de março teremos uma Lua Cheia em Virgem, enquanto Vênus cruza o grau do eclipse lunar de 8 de outubro de 2014. Este é o primeiro de três planetas a fazer isto este mês, despertando o passado aqui no radioso presente. Se o nosso presente atual será ou não radioso depende muito do que fizemos, desde a ocasião desse eclipse até hoje, para que assim fosse. Tivemos duas opções naquele eclipse: usá-lo como catalisador para a manifestação do nosso eu autêntico, ou enxergá-lo como uma inconveniência, uma luta, e fechar-lhe as portas o mais rapidamente possível para manter o status quo. Enquanto a Lua está Cheia e Vênus desperta o passado para a nossa reavaliação, temos a oportunidade de rever em detalhes os passos que demos de lá até aqui – as escolhas feitas e desfeitas, os caminhos tortuosos do comprometimento e desejo, decepções e revelações – cada um definindo a qualidade do nosso passo seguinte e o destino ao qual chegaremos, prontos para a próxima fase da nossa jornada.
Essas reflexões continuam enquanto Marte cruza o mesmo grau do eclipse em 11 de março, e Urano faz o mesmo em 14/15 de março. Podemos nos surpreender com o que esses planetas nos trazem em forma de discernimento e percepção, pois o passado não é reanimado simplesmente para nos provocar, mas para nos despertar para o seu poder sobre nosso presente e futuro. O que estava obscurecido por uma neblina espessa de emoções de repente pode tornar-se claro, e os impulsos, que sabemos que deveríamos ter reconhecido antes, se apresentam agora com uma urgência de serem postos em prática. Esta a última oportunidade para utilizarmos a energia do eclipse de outubro antes que ela se desvaneça para dar espaço ao próximo eclipse – o eclipse solar de 19/20 de Março.
Antes disso, entretanto, há muito trabalho a ser feito! Júpiter, Urano e Plutão usam os oito primeiros dias deste mês para nos encorajar a buscar a liberdade, mas este incentivo vem com um aviso: a verdadeira liberdade respeita a integridade do todo, ela não impõe os direitos de um sobre os do outro. Não podemos ser simplesmente livres para fazer o que quisermos quando quisermos. O grito de liberdade deve ser temperado com o reconhecimento da responsabilidade que a liberdade traz e com a necessidade de unir um coração aberto e uma mente questionadora à nossa busca de libertação. “Libertação do quê?” – devemos nos perguntar – “E por quê?” Pois libertar o ego para que ele possa correr solto sob o pretexto da auto-expressão é semelhante a soltar um animal furioso em nome da liberdade. O que o animal precisa é de confinamento compassivo, e as pessoas à sua volta, de proteção contra sua ferocidade. Deste modo, todos podem estar seguros. Libertação é um conceito maravilhoso, com certeza, mas precisamos estar suficientemente maduros mental, emocional e espiritualmente para assumirmos a responsabilidade que ela traz, antes de esperá-la como um direito.
Os céus destacam esta maturidade na primeira metade de março, oferecendo-nos oportunidades de observar ou desejar a liberdade contra o pano de fundo do passado despertado, que pode nos revelar exatamente por que a libertação ainda está fora do nosso alcance. Precisamos ligar as pontas soltas e curar aquelas partes fragmentadas de nós mesmos, que usariam a liberdade para inflar o ego e não para transformá-lo numa força considerável e efetiva para o bem. A libertação que buscamos vem no final do processo e não no primeiro movimento. É possível que tenhamos que suportar dificuldades e lutas pelo caminho, não porque devemos obter uma recompensa, mas porque a liberdade exige comprometimento com os desafios que ela apresenta, e precisamos nos elevar a esses desafios a fim de nos libertarmos. Ninguém e nem nada, nenhuma mudança de energia, nenhum período de tempo, nenhuma mágica pode nos impulsionar da prisão para a liberdade, se não estivermos preparados para conhecer a nós mesmos como verdadeiramente somos – em todos os aspectos – quando chegarmos lá.
No dia 14 de Março, Saturno estaciona retrógrado em Sagitário, voltando para Escorpião para sua visita final. Aí temos um aliado. Este planeta vigoroso, que nos carrega com o poder de resistir e a capacidade de colher sabedoria madura dos desafios da vida, nos ajudará, então, a refletir sobre os oito últimos meses, transmutando experiências passadas em sabedoria presente. Este processo sozinho exige coragem, pois poderemos resistir à mensagem óbvia em favor de algo que mantenha aquilo em que desejamos acreditar. Saturno, entretanto, não lida com conceitos supérfluos mas com sabedoria profunda e não medirá palavras ao nos revelar as situações em que estamos perseguindo ondinhas na superfície brilhante em vez de mergulharmos nas profundezas escuras da verdade.
Em 16/17 de Março Urano e Plutão formam sua última quadratura exata desde que iniciaram sua aliança em 2012. Esta culminação de um processo de destruição e renascimento para tantas pessoas, e ainda em andamento para inúmeras outras, destila a sabedoria deste longo e desafiador processo de mudança. Neste ponto, a clareza nos é oferecida, se optarmos por aceitá-la; a oportunidade de enxergarmos através de um olhar totalmente novo e puro, como o de uma criança que observa a vida sem a atitude de pressuposição aborrecida das idades mais avançadas.
Esta quadratura final nos revela o que tudo isso significou, e pode muito bem não ser o que pensávamos! No lampejo de percepção que ela traz, vemos desmoronar mais edifícios de um eu cansado e de uma vida ultrapassada e não mais necessária. Deixemos que desabem, independentemente do barulho ou da nuvem de poeira que se eleve dos destroços. A torre derrubada é apenas a do ego calcificado, agora libertado para viver de uma nova maneira, depois de levado ao solo pela ação demolidora de Urano/ Plutão. Neste ato final de poder, eles dão adeus um ao outro e se preparam para seguir adiante em seus caminhos separados e distintos.
Em 18 de março, numa demonstração de misericórdia cósmica, Netuno e o Nodo Norte formam uma aliança que continua até o início de junho. Aqui encontramos o bálsamo para nossos ferimentos resultantes da demolição, se não nos importarmos de receber seu toque curativo. Netuno, o coração compassivo e sem limites, revela o caminho para a totalidade e um futuro que promete ser diferente da repetição de um passado doloroso. Independentemente do que Urano e Plutão exigiram de nós nos últimos anos, Netuno nos estende a mão agora para nos guiar de volta à totalidade, lembrando-nos que resistir à vida é resistir ao nosso próprio ser, pois nós e a vida somos um só. Ela não acontece para nós, mas através de nós. Nós somos ela, e a própria vida é o ar que nós respiramos.
Netuno dissolve tudo o que separa, tudo o que inclui qualquer conceito que sugira que não somos completos do jeito que somos. Ele nos convida a descansar na segurança da certeza de que, independentemente de como a vida se manifeste, nós somos inteiros em nossa essência e uma parte viva, vibrante de Tudo O Que É, da mesma forma que Tudo O Que É vive inteiro e completo dentro de nós. Quanto mais profundamente conseguirmos aceitar e acolher esta mensagem, melhor, pois a percepção de que somos separados do divino, sujeitos aos seus capricho e estados de espírito, é uma crença ultrapassada que precisa ser liberada agora. A chegada da Era Aquariana exige que tenhamos isto bem claro em nós, pois seu trabalho não pode ser feito sem a clareza da nossa natureza verdadeira brilhando.
O dia 20 de Março traz um Eclipse Solar no último grau do Zodíaco – 30 graus de Peixes. Sempre que vemos esse grau ativado, estamos sendo notificados de um fim. Quando um Eclipse Solar cai nesse grau, esse fim queima as pontes e não há nenhum caminho de volta. Esta é a conclusão máxima! Para alguns de nós, este eclipse e as semanas seguinte poderão trazer a percepção de que as oportunidades que estiveram disponíveis mas não foram aproveitadas estão perdidas para nós agora. O cosmos não pode esperar para sempre e há momentos em que ele fecha as portas para o bem, as quais nos recusamos a abrir o suficiente para passarmos por elas.
Embora essa percepção possa vir com tristeza e arrependimento, a conclusão inequívoca desse ciclo de possibilidades limpa o caminho para o início de um novo ciclo no devido tempo. Nossa tarefa é aprender com o passado, acolher totalmente nossos sentimentos no presente e seguir em frente com nossos olhos mais abertos para as mensagens da vida, que sempre nos mostram o caminho e momento do nosso florescimento. É cada vez mais importante que aprendamos a ouvir profundamente a sabedoria inerente à própria essência de cada momento; que reconheçamos cada vez mais que não estamos aqui para criar mas para sermos criados, e o nosso papel é o de nos alinharmos com a criação que estamos nos tornando, a fim de vivê-la plenamente, com integridade e alegria ilimitada, nascida não dos desejos satisfeitos, mas de um propósito maior cumprido através de nós; maior do que jamais poderíamos imaginar ou manifestar, se deixados por nossa própria conta.
Os dez últimos dias do mês nos encontrarão digerindo o que passamos nestas três semanas esclarecedoras. O passado despertado e a conclusão inequívoca de certos ciclos podem ser a receita para certa inquietação enquanto processamos seus impactos. Paciência é necessária para permitir que nossos corações e mentes se estabilizem e se ajustem ao “novo normal”. Mas lembrem-se que Netuno e Nodo Norte estão ao nosso lado, revelando a sabedoria nascida da compaixão por nós mesmos e pelos outros, e uma oportunidade cada vez mais profunda de reconhecermos a presença tranquila mas poderosa que vive em nosso âmago. Esta é a presença para a qual devemos nos voltar e ouvir cada vez mais profundamente de agora em diante. Ela contém tudo o que precisamos saber.
Mercúrio conduz o mês de março ao seu final, cruzando o grau do eclipse solar do dia 20, enfatizando mais ainda a disponibilidade de informações, se prestarmos atenção do modo correto. Não se trata de pensar no nosso caminho através das situações, planejando e esquematizando tudo para que as coisas deem certo, mas de voltar nossa atenção para o interior, de modo a ouvir nosso coração que não fala por palavras mas através de sentimentos e sensações – seja um conhecimento sutil ou uma vigorosa tomada de consciência do que é necessário no momento. Esta sabedoria fala claramente agora para aqueles que têm ouvidos para ouvir, e enquanto março chega ao final, tudo que tivermos perdido começa a se remodelar e se transformar em algo totalmente novo. Sua forma levará certo tempo para ser revelada e precisaremos ter paciência nesse ínterim, mas não importa quão convincentemente nossas mentes possam às vezes nos dizer que tudo está perdido, nossos corações respondem que este nunca pode ser o caso, pois todas as coisas descansam no Coração Universal, que nunca abandona nada nem ninguém.
Trad. Vera Corrêa veracorrea46@ig.com.br
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