Por Dr.Ricardo di Bernardi
Assunto delicado e grave. Vejamos alguns aspectos iniciais:
-Como o espiritismo
vê a questão da pedofilia?
Como um grave
desequilíbrio mental e espiritual, necessitando severo tratamento
multidisciplinar, isto é envolvendo diversos profissionais, além de tratamento
espiritual complementar.
- Qual a razão de
existirem pedófilos?
A mesma razão de
existirem quaisquer outros desequilíbrios psíquicos. São atitudes doentias que
se estruturaram ao longo de uma ou mais existências ou seja reencarnações.
Ninguém foi criado pedófilo.
- O que se passa nas
suas mentes?
Cada um deles tem
uma história. Não há como colocar todos em um mesmo rótulo. Mas poder-se-ia
dizer que tem um impulso sexual doente e destituído de ética.
- Quais os traumas
que eles têm?
Diversos, e variam
conforme cada caso. Podem ter sofrido: violência infantil, abandono, desprezo,
presenciado quando em tenra idade, sexo entre os pais, enfim outras distorções
de educação ou de vivência.
- Como se explica
tal comportamento?
A resposta é tão
difícil como explicar qualquer outra grave alteração de comportamento. São
espíritos que pelo seu atraso, imaturidade, ignorância e sobretudo pelo livre
arbítrio desviaram-se da linha normal de conduta.
- E as vitimas, por
quê isso?
Em diversas
oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação, fomos questionados
posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância da pedofilia.
Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito
viabilizava-se este questionamento. Embora o tema seja potencialmente
polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação
planetária. Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista
considerando que são dois (2) espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão.
Cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós,
espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pensante.
Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e
se responsabilizar pelas conseqüências de seus atos posteriores.
Outra premissa que
deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a
Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos. Importante
também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela
espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a idéia
de que alguém deve reencarnar a fim de ser
violentado ou sofre pedofilia.
A concepção do Deus
punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a
vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor.
É a Lei maior que a
tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza. Então, como
conceber a violência física? Como enquadrar a onipresença divina em situações e
sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou
estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria motivo
para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade
e onisciência.
Outra questão
importante: Quem é a “vítima”? Analisemos. Cada um de nós ao reencarnar trouxe
todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são os núcleos
energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passado.
Espíritos que somos
e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas inúmeras vidas,
possuímos no nosso “passaporte” inúmeros “carimbos” das pousadas onde
estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória dessas experiências se
traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior
para a superfície desta vida. Assim, é também a
“vítima”. A criança, que hoje se apresenta de forma diferente, traz em seu
passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de
desequilíbrio que são gravadas em si mesma.
Algumas dessas, hoje
crianças, participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando
atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram
executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área.
Enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora
pulsa constantemente nos arquivos vibratórios
da criança, nossa personagem neste drama.
Pela Lei Universal
da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado momento, uma surpresa
desagradável. O espírito, criança agora, poderá atrair e sintonizar com a
frequencia do agressor, ou seja, o pedófilo e ser agredida.
Identificados dois
dos protagonistas (agressor e criança), temos também que considerar o frequente
processo obsessivo que vinha se desenvolvendo. Uma outra entidade pode estar
fixa perifericamente ou até profundamente à trama perispiritual de um ou dos
dois envolvidos no processo.
Lembramos,
novamente, não foi em hipótese alguma programada a violència ou o estupro, nem
ele em qualquer circunstância teria justificativa. No entanto, o crime
existindo, necessário compreender em uma visão mais ampla o que está
acontecendo. A espiritualidade sempre fará o máximo para evitar o “mal” ou não
sendo possível, apoiar aos que sofrem.
O espírito submetido
à violência da pedofilia sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de
maturidade espiritual. Não houve a programação, mas a tendencia que trazia era
forte e havia o risco em passar por algo do gênero , que, a espiritualidade não
conseguiu evitar. Perante a Lei divina sabemos que o espírito reencarnado não
deve receber a agressão arbitrária em face da violência cometida por outro.
Violência que gera violência, um ciclo triste que necessita ser rompido com uma
postura de amor, de orientação e de perdão.
A violência da
pedofilia gera, muitas vezes, profundos traumas em todos os envolvidos
exacerbando a dolorosa situação cármica da constelação familiar.
Há, também,
espíritos afins e benfeitores que, visam amparar os envolvidos nesta dor.
Amigos do extrafísico cheios de ternura em seu coração, com projetos de
dedicação e amparo, sempre se fazem presentes. Só o tempo se
encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.
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