segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Primazia: 'Meu Pedacinho de Chão'




   Escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida entre os anos de 1971-1972, o remake (2014) de ‘Meu Pedacinho de Chão’ com menos de cem capítulos; entra para a história da teledramartugia brasileira não porque conquistou grande número de audiência, mas por seu formato inovador; trazendo à frente da tela da TV um público seleto e exigente, que outrora jamais iria se detiver aos dramalhões novelescos.
   O roteiro que muitos acreditavam ser voltado ao público infantil expandiu-se no mais puro lirismo; passeando por universos do regionalismo, mágico e onírico, aliado ao uso de farto material reciclável que compôs o cenário e a indumentária dos personagens, e tantos outros recursos tecnológicos de animação como o stop motion que deram vida a animais, meios de transporte, além do grande colorido da fotografia.




   Do casting - Com um belíssimo elenco reduzido, vale destacar o talento dos atores de teatro itinerante e circenses. E dizer o quê da trinca dos memoráveis: Osmar Prado (coronel Epa), Emiliano Queiroz (o padre Santo) e Ricardo Blat (o prefeito das Antas)? Sem contar a grata surpresa de ver Rodrigo Lombardi como Pedro Falcão ao lado de Inês Peixoto (D.Tê) e o ator Irandhir Santos, ímpar em sua interpretação do personagem Zelão.
  Com toda a liberdade criativa e o foco no visual, a história só não ficou devendo porque os recursos cênicos ajudaram a contá-la, bem como, as rebuscadas referências em outros ‘universos’ que foram agregados à trama como: o do Pequeno Príncipe (Lepe), Tim Burton (coronel Epa), e lembrando os desenhos Coração Valente (Gina) e Corrida Maluca, o dr. Renato para citar alguns.

Escorregadas Finais...
   Apesar da riqueza dos personagens e da produção estética que acompanhavam as transformações pelas quais eles passavam – como nas mudanças de figurinos à medida que ia mudando de personalidade – tal qual, a chegada do inverno, que na trama representou o sofrimento e afastamento do Zelão de seu grande amor, a professora – do surreal  foi ao estranho, com  a presença de neve e sua insistência por vários capítulos haja vista, citada a localização da Vila de Santa Fé (mesmo que fictícia), como sendo no interior de São Paulo - Brasil.

   A ambiciosa Rosinha vivida por Letícia Almeida deveria ter continuado seu namoro com o chofer do coronel - o Izidoro (Raul Barretto) - que no final da trama ‘ficou a ver navios’... Enquanto isso, já que o dono da venda, Giácomo (Antonio Fagundes) tinha que ficar com alguém, simplesmente que fosse criada uma nova personagem ou porque não, ele desenrolar um caso com a 'tal de Clotilde' (Mareliz Rodrigues) - 'a ex-vigarista' mãe do Lepe (Tómas Sampaio).
   Dr. Renato (Bruno Fagundes) abandonar o posto de saúde? Mesmo desiludido no campo profissional e amoroso, talvez sua saída devesse ter acontecido antes... Ou então, que arranjassem um novo amor para ele ficar. Já a presença do grande Ney Latorraca como seu pai ficou estranho em dois quesitos: sua idade muito avançada e como para tantos; poderiam ter usado do recurso dos cabelos coloridos; trazendo o lúdico e certa jovialidade ao personagem, mesmo de sua passagem relâmpago na trama.

   O assassinato de uma das personagens principais - Tudo bem ela se casou no final com o Zelão... Mas a professora Juliana merecia um final mais digno, com um casamento individual enaltecendo o seu 'lado princesa'. Que fosse antes, até do personagem  Gina (Paula Barbosa) se queriam fechar com o casamento dessa última. E o vestido? Alguém dúvida que deveria ser branco, mesmo com todo o rosa que ela sempre ostentou até nos cabelos? E o Zelão dentro da igreja de chapéu no dia de seu casamento? Pecou pela falta do tradicional nessa hora. E com licença do roteiro original - poderiam aparecer seus pais vindos da Capital, a revelação de que ela fazia parte de uma família abastada e bancar o próprio casamento e sua futura casa.


 
   E do que era imaculado, as músicas regionais e folclóricas - Ficou certo vazio ouvir no último capítulo uma banda estilo New Orleans nos preparativos e na festa do 'casório duplo' e a música dos Tribalistas servir de fundo para a chegada na nova casa para a noite de núpcias do casal Juliana e Zelão. Claro que nada contra aos dois estilos musicais, adoráveis, diga-se de passagem e permissíveis em outro contexto.

   Com a renúncia dos dois canditados à Prefeitura da cidade das Antas... Quem assumiria o posto, então?

  A idéia da cama em meio a um campo florido, com certeza originária de algum filme, e repetida para ambos os casais... Meio demais não?

   Vale ressaltar que qualquer casamento que viesse depois da Milita (Cintia Decker) e Viramundo (Gabriel Sater) seria ofuscado, este sim, perfeito - desde a riqueza de detalhes alusivo ao folclore de vários países que constituiu o belíssimo vestido de noiva, até a chegada dos pais, parentes e amigos do noivo - em uma alegre comitiva cigana à Vila de Santa Fé.


 
 
   Mas nem tudo pode ser como todos querem... Para quem não assistiu com certeza em breve será reprisada, 'os de fora': é bem provável que seja exportada para outros países, e em ambos os casos, vale assistí-la com todo carinho.



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