Escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida
entre os anos de 1971-1972, o remake
(2014) de ‘Meu Pedacinho de Chão’
com menos de cem capítulos; entra para a história da teledramartugia brasileira
não porque conquistou grande número de audiência, mas por seu formato
inovador; trazendo à frente da tela da TV um público seleto e exigente, que
outrora jamais iria se detiver aos dramalhões novelescos.
O roteiro que muitos acreditavam ser voltado ao público
infantil expandiu-se no mais puro lirismo; passeando por universos do
regionalismo, mágico e onírico, aliado ao uso de farto material reciclável que
compôs o cenário e a indumentária dos personagens, e tantos outros recursos
tecnológicos de animação como o stop
motion que deram vida a animais, meios de transporte, além do grande colorido
da fotografia.
Do casting - Com um belíssimo elenco
reduzido, vale destacar o talento dos atores de teatro itinerante e circenses. E
dizer o quê da trinca dos memoráveis: Osmar Prado (coronel Epa), Emiliano
Queiroz (o padre Santo) e Ricardo Blat (o prefeito das Antas)? Sem contar a grata surpresa de ver
Rodrigo
Lombardi como Pedro Falcão ao lado de Inês Peixoto (D.Tê) e o ator Irandhir
Santos, ímpar em sua
interpretação do personagem Zelão.
Com toda a
liberdade criativa e o foco no visual, a história só não ficou devendo porque
os recursos cênicos ajudaram a contá-la, bem como, as rebuscadas referências em
outros ‘universos’ que foram agregados à trama como: o do Pequeno Príncipe (Lepe), Tim
Burton (coronel Epa), e lembrando os desenhos Coração Valente (Gina) e
Corrida Maluca, o dr. Renato para citar
alguns.
Escorregadas Finais...
Apesar da riqueza dos personagens e da produção estética que
acompanhavam as transformações pelas quais eles passavam – como nas mudanças de
figurinos à medida que ia mudando de personalidade – tal qual, a chegada do
inverno, que na trama representou o sofrimento e afastamento do Zelão de seu
grande amor, a professora – do surreal foi
ao estranho, com a presença de neve e sua
insistência por vários capítulos haja vista, citada a localização da Vila de Santa Fé (mesmo que fictícia), como sendo no interior
de São Paulo - Brasil.
A ambiciosa Rosinha vivida por Letícia Almeida deveria ter continuado seu namoro com o chofer do coronel - o Izidoro (Raul Barretto) - que no final da trama ‘ficou
a ver navios’... Enquanto isso, já que o dono da venda, Giácomo (Antonio
Fagundes) tinha que ficar com alguém, simplesmente que fosse criada uma nova
personagem ou porque não, ele desenrolar um caso com a 'tal de Clotilde' (Mareliz Rodrigues) - 'a ex-vigarista'
mãe do Lepe (Tómas Sampaio).
Dr. Renato (Bruno Fagundes) abandonar o posto de saúde? Mesmo
desiludido no campo profissional e amoroso, talvez sua saída devesse ter
acontecido antes... Ou então, que arranjassem um novo amor para ele ficar. Já a
presença do grande Ney Latorraca como seu pai ficou estranho em dois quesitos: sua idade muito avançada e como para tantos; poderiam ter usado do
recurso dos cabelos coloridos; trazendo o lúdico e certa jovialidade ao
personagem, mesmo de sua passagem relâmpago na trama.
O assassinato de uma das personagens principais - Tudo bem
ela se casou no final com o Zelão... Mas a professora
Juliana merecia um final mais digno, com um casamento individual enaltecendo o
seu 'lado princesa'. Que fosse antes, até do personagem Gina (Paula Barbosa) se queriam fechar com o
casamento dessa última. E o vestido? Alguém dúvida que deveria ser branco, mesmo com todo o rosa que ela sempre ostentou até nos cabelos? E o Zelão dentro
da igreja de chapéu no dia de seu casamento? Pecou pela falta do tradicional nessa hora. E com licença do roteiro original - poderiam aparecer seus pais vindos
da Capital, a revelação de que ela fazia parte de uma família abastada e bancar
o próprio casamento e sua futura casa.
E do que era imaculado, as músicas regionais e folclóricas -
Ficou certo vazio ouvir no último capítulo uma banda estilo New Orleans nos preparativos e na festa
do 'casório duplo' e a música dos Tribalistas servir de fundo para a chegada na
nova casa para a noite de núpcias do casal Juliana e Zelão. Claro que nada
contra aos dois estilos musicais, adoráveis, diga-se de passagem e permissíveis em outro
contexto.Com a renúncia dos dois canditados à Prefeitura da cidade das Antas... Quem assumiria o posto, então?
A idéia da cama em meio a um campo florido, com certeza originária de algum filme, e repetida para ambos os
casais... Meio demais não?
Vale ressaltar que qualquer casamento que viesse depois da Milita (Cintia Decker) e Viramundo (Gabriel Sater) seria ofuscado, este sim, perfeito - desde a riqueza de detalhes alusivo ao folclore de vários países que constituiu o belíssimo vestido de noiva, até a chegada dos pais, parentes e amigos do noivo - em uma alegre comitiva cigana à Vila de Santa Fé.
Vale ressaltar que qualquer casamento que viesse depois da Milita (Cintia Decker) e Viramundo (Gabriel Sater) seria ofuscado, este sim, perfeito - desde a riqueza de detalhes alusivo ao folclore de vários países que constituiu o belíssimo vestido de noiva, até a chegada dos pais, parentes e amigos do noivo - em uma alegre comitiva cigana à Vila de Santa Fé.
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