quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Novembro: Arkav, o Escorpião



 Por Carmen K'hardana
(baseado na Tradição Navi - Ancestral do Deserto)

SH’LAMA ARAK’HSAMNA,
SH’LAMA UTTU, A DEUSA DA MAGIA, TECELÃ DO DESTINO, QUE REGE ESTE CICLO LUNAR
   O mês que Uttu rege já nos mostra grandes desafios… Arak’hsamna (Novembro), chega com a força do acampamento de Menashe, o esquecimento para deixar ir o que precisa ser liberado e esquecido, e ao mesmo tempo buscar a lucidez para nunca se esquecer quem é, de onde veio e qual o pensamento que lhe guia o caminho. E para isso, toda a força de Yihawehá jovem… da mão direita do ano, nos trazendo a visão espiritual da letra chet, que rege esta parte do corpo. E pelo fluxo de Ferat, toda a necessidade de se alcançar nesse tempo a “serenidade”… serenidade para limpar tudo, e seguir pela cura que vem com o vento sul. Por trás de tudo, as letras que regem o mês, a semente (dalat) que será guiada pelo instinto (nun) para frutificar, mesmo em um tempo de Grishma Cariri, frio.
 
   Porque Uttu nos junta e aproxima em suas teias, e a partir destas teias nos ensinou a construir vestes e nos trança para diminuir o frio.
A maior das magias de Uttu, é a magia da trança, que tem por trás o sentido de liga… de lida. A liga e a lida da vida que nos trançam à todos em um mesmo fluxo, em uma mesma direção, em um mesmo pensamento.
 
   Se nos sentamos em círculo, quem arquiteta o que acontece nesse círculo é Uttu… e o entendimento entre o grupo, é Uttu quem possibilita. Para que minha palavra chegue ao seu coração, Uttu leva essa palavra e abre seu coração para que você a receba. Com seus fios tece a rede das vidas e os mescla com os caminhos. Uttu se revela na grande tapeçaria da vida. E de acordo como se forma o seu fio, é que se torna diferente o tecido de seu tapete. Cada ser é um fio, e esses fios são entrelaçados por Uttu.

   Se você chega, quando e como chega e a forma como se mescla enquanto fica, é Uttu quem tece.
A palavra uttu significa tecido… o movimento do tecido, e assim é o destino do naví tecido por Uttu, “em movimento” e em fluxo constante.

   Uttu nasceu das montanhas e do clarão do raio, e é representada na natureza pelas brumas que saem da terra em tempos de chuva, especialmente no alto das montanhas. É filha de Ninhursag, a deusa da sabedoria, e gerou as plantas de poder. É a protetora do feminino que se fere pela “palavra” que vem sem fundamento, como falácia. E é também a face sagrada que dá força a esse feminino para prosperar a partir do que as mãos desse feminino tece, produz e cura. Nos ensinou a magia do davire, e continua ainda hoje como proteção de nossas portas. Uttu também nos ensinou a pintura corporal para os ritos, pintura essa que nos atrela a toda a nossa ancestralidade.

   As aranhas são animais sagrados de Uttu, assim como os escorpiões. E um a lida e a liga da terra, e outro a liga e a lida da magia dessa face do sagrado. E QUE VENHA, ARAK’HSAMNA E QUE NOS ABENÇOE UTTU

   Dalat, a força da semente – devemos nos ligar à semente de todas as coisas, ter um olhar generoso, de amabilidade, sobre todas as coisas, todas as questões, todas as pessoas. E quando algo se apresentar perante seus olhos em forma de caos, busque nesse algo a sua semente, a sua essência, que sempre é sagrada, e se relacione por essa face sagrada com tudo o que se apresentar perante sua existência. Isso diminuírá o impacto de muitas descrições que você venha a ter.

   A letra Nun, ligada ao instinto, vibra como pano de fundo este período. Esteja atento a isso e aproveite para se abrir a este sentido, que foi nossa principal perda na ruptura. O instinto, se aguçado, é o sentido que fará você voltar a ouvir o sagrado, que pulsa em sua essência por todo o Universo manifesto.

   Todo o mês de Arak’hsamna (Novembro) é ligado a força da meditação. Durante este mês devemos nos dedicar a caçar para alcançar as coisas mais distantes. O dia 01 de Arak’hsamna é o dia do nascimento de Uttu. Fazemos uma oferenda de óleo perfumado no altar dedicado a Ela, neste dia.
No dia 01 também é Yumad Shará de Uz HaNaví, filho de Nachor HaNaví que era irmão de Ivraham. Uz significa “vaso recipiente”, e foi um grande sábio de nossa tradição.
Dia 11 é um dia de forte conexão para os naví’e, é a Yumad Shará (aniversário de morte) de Rak’hil HaNavía (Raquel), mulher de Yakub HaNaví (Yacov). Foi uma grande curadora de nossa Tradição, parteira, curandeira e dedicada ao culto das deusas. Rak’hil Tuki HaNavia é o meio pelo qual nos vinculamos a energia doadora de assuta (cura) e proteção espiritual. Ao longo de centenas de anos uma prática naví se eternizou: amarramos um fio de lã no pulso esquerdo para nos atrelar à cura e à proteção da tradição. Os antigos faziam isso como forma de evocar o carneiro como aliado, e a vitalidade do carneiro que é associada ao sustento da vitalidade. Nesse dia, consagramos a lã de carneiro que é usada ao longo do ano por toda a tribo, e fazemos um ritual da troca desta lã, amarrando uma nova. Esse ritual é aberto a todos.

   No dia 13, a Yumad Shará de Daniel Benari. A Tradição Mashilma Naví segue uma linha sucessória de mais de 5 mil anos e Daniel Benari , foi Mestre de Mario Meir e foi quem lhe transmitiu os ensinamentos da Tradição Naví, tornado-se Mario Meir a ponta final da Tradição neste tempo, como liderança espiritual da Tribo Naví.

   Na lua cheia de Akrav (escorpião), dia 15, marca o nascimento de Uttu. Por isso esse dia é chamado Yumá Uttu. Uma grande celebração é feita em nome da deusa tecelã do destino. Neste dia termina a consagração da lã de carneiro que ficou no altar da Tenda do Encontro desde o dia 11. Neste dia, que será em 8 de novembro no calendário comum, a partir de 11 da manhã, a nossa vivência com Uttu e suas magias.
No dia 19 de arak’hsamana, o dia da visão. “Ver” é tudo o que um homem de tradição deseja, e não está relacionado a uma função do corpo, e sim uma missão do espírito. Significa também ter lucidez sobre a realidade da vida. E neste dia, a Yumad Shará de Rivka HaNavía. “Rivka” significa “conexão”, é algo que serve para ligar uma coisa a outra. Foi uma das mais importantes matriarcas de nossa tradição, conhecida por sua rigidez em relação aos antigos costumes espirituais e o culto as deusas.

   O dia 28 é um dia de forte conexão, ficou conhecido como o dia que marca o final do período de nabal (colapso) nos tempos antigos, tempo conhecido por muitos como período do “dilúvio”. Por isso mesmo, ficou marcado como um dia de grande cura espiritual. Nesse mesmo dia é a Yumad Shará de Serah Immah Hanavía, mulher de Gad HaNaví. Uma mulher guerreira de nossa tradição e devota de Iannat. E no dia 30 é a celebração de Yumá Sin, abrindo as portas para o mês de Kislimu e a nutrição de Ninkassi.
 

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