terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Dezembro: Kislumi, a Constelação do Arco
Por Carmen K'hardana
(baseado na Tradição Navi - Ancestral do Deserto)
E chega Kislimu, o mês regido por Ninkassi. Sh’lama Ninkassi!
Ninkassi – a Deusa do banquete, da mesa posta. Filha de Enki com Ishtar, da oratória com o amor, aprendiz de Uttu e torna-se a protetora da família por conta de sua mestra Uttu. O nome Ninkassi significa o 'ato de dar alimento e aquela que enche boca'. O mito diz, no que se refere à proteção da família, que é a capacidade de alimentá-la. A função do pai e mãe de uma família em essência, é alimentar essa família.
Uttu protege as mulheres das injustiças dos homens. Quando um homem é infiel com sua mulher, é Uttu quem puxa o tapete, e é Uttu quem instrui Ninkassi à proteger a família. Uttu protege o feminino da opressão e do abafamento do feminino por esse masculino.
No mito, Ninkassi se casa com Shemsha, seu tio, o Sol, que é considerado um corpo celestial desde os tempos antigos, tal como uma estrela. É uma mesclagem de um dom de Yihaweha, a estrela e o clarão de El. A força masculina de Yihawehá e El não comportam uma terceira divindade masculina, para que não se torne opositor, na natureza o máximo que se suporta são dois alfas – é uma forma de se manter o equilíbrio – basta observar toda a natureza, para perceber isso. Para a tradição Naví, a vida só é capaz de existir e sobreviver por causa da potência – o que faz a semente romper a casca não é o sol, é a potência que existe até onde não há o sol. Assim, em função de seu o casamento com Ninksassi, Shemsha lhe dá de presente a 'ekla', o trigo, que é filho do Sol com Ninkassi, como presente de casamento. Na natureza Ninkassi é a água que escorre dos paredões do alto das montanhas.
O homem criou dois alimentos, que foram ensinados por Ninjkassi, e que e uma forma de trazer o sol para dentro dele: A cerveja e o pão. A cerveja o sol líquido, e o pão, o sol sólido. No mundo antigo, os guerreiros eram recebidos por suas mulheres, quando voltavam de suas batalhas, com essa oferenda de Ninkassi para eles. A cerveja é um aliemtno muito presente em nossa tradição, no mundo antigo, era a principal bebida oferecida aos estranjeiros – a primeira coisa que era oferecida. Era a água para beber para lavar as mãos e os pés. E ainda do lado de fora da tenda, a cerveja e o pão também. E só após essa oferenda o estranjeiro era convidado para dentro da tenda. E de acordo com seu comportamento, se continuasse educado, aí seria convidao a entrar na tenda, e era oferecido mais cerveja, carne e pão. As mulheres ficavam dentro da tenda. A oferta fora era feita apenas pelos homens.
Em uma passagem bíblica, Abraão oferece ao estranjeiros água, senta-se com eles debaixo de um pé de oliveira e oferece cerveja. E só a partir daí Abraão os convida para entrar na tenda e conhecer Sara – que oferece lentilha com carneiro ao leite.
Sopa de lentilha com osso de boi e muita pimenta… Nos casamentos, era oferecido além de muito pão, também a cerveja, que representavam a estabilidade familiar. A cerveja era considerada um alimento que trazia alegria e contentamento. Ainda hoje as boas cervejas do mundo são feitas com água das montanhas, e a milhares de anos atrás eram feitas apenas com a água que escorre das montanhas.
Ninkassi é a deusa das curas pelos alimentos, e dos alimentos – no mundo antigo, o remédio eram alimentos que auxiliavam em tratamentos. E a forma de prepará-los era uma forma de magia. É a combinação da energia e sustância do alimento, e a energia de quem o prepara.
O altar de Ninkassi, era sempre em locais próximos onde se preparava o alimento, por vezes até mesmo dentro da cozinha.No mundo antigo, as cozinhas eram comunitárias. As tendas eram o local de dormir e de encontro social, e os banheiros e as cozinhas eram comunitários.Elas continham forno de barro, bancadas e meia tenda – duas estacas com lona estendida ate o chão, com três paredes abertas. O momento de cozinhar era o momento de comunhão do feminino. Os homens só preparavam um alimento: as carnes – e as mulheres faziam o resto. Esse é um costusme humano que se preservou até hoje nos churrasos, onde o homem prepara as carnes e as mulheres os outros alimentos. No mundo moderno, a briga territorial da mulher é pela cozinha, mulher/ empregada, mulher / sogra, mulher / cunhada, e por aí vai, mas no mundo antigo as mulheres dividam a cozinha.
É Iannat quem fortalece os guerreiros quando eles vão para a batalha, Ninkassi os fortalece quando voltam. Quando saiam, para uma caçada, para o 'trabalho', eram abençoados por Iannat, a deusa guerreira. E na volta eram recebidos com o alento e com o alimento de Ninkassi.
Os animais de montaria, são todos de Ninkassi – o elefante, o búfalo, os cavalos. O jumento é o principal porque nas lendas sumerianas, Ninkassi assume a forma de um jumento para trazer o guerreiro de volta para casa após a batalha. Quanto aos camelos, eles só aparecem no tempo de Abraão. Os camelos são originariamente vindos da costa leste da África.
Ninkassi ensinou o domínio do fogo aos homes e a roda de moer grãos. Hoje muitos pensadores concordam que a grande capacidade de adaptação do homem na existência foi em função do domínio da roda e do fogo, ambos presente Deusa. Mas o que há em comum a roda e o fogo? A fricção. A roda foi criada como moedor – rodas de pedras para moer grãos ainda no período paleotlítico. A fricção entre duas rodas de pedra faziam os grãos serem moídos mais facilmente.
Ninkassi também rege a potência sexual masculina – já que esta era medida pela capacidade que os homens tinham de voltar intactos das guerras e das caçadas – quem voltava ileso era visto como viril.
Onde está localizada a sede da potência nos homens para o mundo antigo? Nos testículos. O nome 'testículos' em ikle (= skol)... Uma cerveja famosa na Europa tem o nome Ninkassi. (e no Brasil temos Skol...).
O Fogo é um elemento agregador da família – quando findava a luz do dia, todos se juntavam e ficavam ao redor do fogo… Homens e mulheres durante o dia não se viam, devido suas atividades serem diferenes. Ninasksi criou o fogo para que homens e mulheres se vissem e para que se formasse um laço familiar entre eles, e contassem histórias… E nesses momentos os homens ouviam as mulheres, e as mulheres ouviam os homens. Em alguns lugares do mundo ainda é a lareira quem faz isso… Ou a fogueira, e ficavam contando histórias e comendo ao redor do fogo.
Dos tempos modernos é a televisão que coloca todos voltados para ela, é só a TV quem fala – ocupou o lugar da lareira e da fogueira, mas tirou a possibilidade de agregação, as pessoas deixaram de conversar.
Ninkassi protege também, as reservas de grãos de uma família, o que a faz a deusa da economia familiar.No mundo bíblico Lea é a grande representante dos cultos à Deusa, ela era uma devota de Ninkassi.
A tradicional bolsa de temperos, que ainda hoje as mulheres preparam e completam em yuma sin, na celebração da Lua Nova - a fazem por uma inspiração de Ninkassi, para compor sua bolsa de tempero que tem a propriedade de proteção à familia e que é usada ao longo do mês.
Antes de comer fazemos uma saudação à Ninkassi: Sh’lama Ninkassi ou dizemos 'tabuzma' que significa tenha prazer!
Kislimu, início do tempo de coleita no ano, regido pelo deus Yihawehá guerreiro, pelo vento sul e ligado ao clã de Benoni. Regido pela força astrológica de Simcha, da constelação do arco,que rege o corpo de sonhos e o estômago inferior. E pela força de Gamal, Júpiter, que rege o sustento e o ouvido direito.
Dentre as celebrações deste mês: Yuma’e Nur, a festa do fogos agrado, uma grande conexão de nosso calendário. São oito dias em que celebramos todas as vitórias…Nestes dias somos todos guerreiros, erguendo a espada e brindando…Uma kima (candelabro) com sete chamas é aceso, é uma associação a um rito antigo campestre onde sete grandes fogueiras eram acesas com a intenção de atrair o fluxo de energia dos zeladores (astros). A simbologia da kima está associada à forma de um ancinho, que é uma ferramenta agrícola.Os zeladores são forças espirituais que estão à serviço de Yihaweha, pois são agentes do destino. A kima é um símbolo da fogueira sagrada que era acesa para chamar a força desses zeladores, que são ligados aos sete astros do mundo. Seu pilar central é a energia do Sol (Shemsha). Segue-se então da direita para a esquerda: Saturno (Kiwa), Júpiter (Zadick), Marte (Nirig), Vênus (Alita), Mercúrio (Nebo), Lua (Sin).
A primeira vela é a celebração da vida, a segunda é a celebração da sabedoria, a terceira do sustento, a quarta é a semente, a quinta é a liberdade, a sexta é a paz, e a última (sétima) é a beleza e também a morte, por estar associada à letra tav, que é a última letra do alfabeto ikle. O guerreiro celebrava, ao longo de desses oito dias, toda a ordem sequencial das questões da impecabilidade de sua existência.
Cada um desses zeladores são evocados em cada um dos dias de fogo (Yuma’e Nur). Nesses dias um altar deve ser montado em casa para dar boas vindas aos astros.. No centro deve-se colocar o kima (candelabro) de sete baços, onde as velas serão acesas. Ao seu lado deve ter um lugar para o acendimento do incenso e outro para se colocar o pão e o vinho. Sendo esses dois últimos elementos representantes do domínio das forças naturais. Isso, por serem antigos alimentos que sofriam grande interferência do iza (intento). Não são forças dispostas naturalmente na natureza, mas são completamente forjadas pelo homem. O pão e o vinho representam a condição de ser humano. Onde o vinho é o guerreiro e o pão é o curador.
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