Um guerreiro aceita seu destino, seja qual for, e o aceita
na mais total humildade. Aceita com humildade aquilo que ele é, não como fonte
de pesar, mas como um desafio vivo. É preciso tempo para cada um de nós
compreender este ponto e vivê-lo plenamente. Eu, por exemplo, detestava a
simples menção à palavra humildade. Sou índio, e nós índios sempre fomos
humildes e nunca fizemos outra coisa senão curvar a cabeça. Pensei que a
humildade não fazia parte da vida de um guerreiro. Mas estava enganado.
Hoje sei que a humildade do guerreiro não é a humildade de um mendigo. O
guerreiro não curva a cabeça para ninguém, mas ao mesmo tempo não permite que
ninguém curve a cabeça para ele. O mendigo, ao contrário, prostra-se de joelhos
por qualquer coisa e lambe as botas de quem quer que ele considera superior,
mas, ao mesmo tempo exige que alguém que ele considera inferior lhe lamba as
botas. Foi por isto que eu lhe disse que eu não sabia como se sentiam os
mestres. Só conheço a humildade do guerreiro e isto nunca permitirá que eu seja
mestre de alguém.
Carlos Castañeda
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