segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Aberta a Temporada de Caça



    No dia 9 de fevereiro último, o zoológico da Dinamarca ofereceu cenas lamentáveis ao público mundial, ao abater um animal sádio perante a justificativa intragável de falta de espaço e de um possível acasalamento futuro com consanguinidade; sendo que opções como castração ou reintrodução foram descartadas por razões adversas(?!) Endossados ainda, pela EAZA (Associação Européia de Zoológicos e Aquários) - organização máxima por lá, em se tratando de animais em cativeiro, que não autoriza a venda de animais.

    Em face a "tantas dificuldades" foi preterível eliminar o problema de nome Marius. Para não haver desperdício, após necrópsia - à qual o público (inclusive crianças) foram convidadas a testemunhar - as partes de Marius, um filhote de girafa de 18 meses foi literalmente, fornecido aos leões residentes do zoológico. Diríamos que tudo uma questão de praticidade...

    Apesar da lista que correu o mundo pela internet em protesto, e na tentativa de evitar a morte desnecessária de um exemplar jovem e saúdavel, as duas maiores ONGs da Dinarmarca, (Dyneres Beskytlase e a Anima) não se pronunciaram. Também, houve a tentativa, em vão de um zoo sueco em adotar o animal. Em meio a mais protestos, alguns funcionários do zoo passaram a ser ameaçados de morte.

   O lamentável é que como se tal situação já não bastasse, outro zoo, na Dinamarca; agora o Zoológico de Jyllands em Videbaek, oeste do país declarou na quinta-feira (13 de fevereiro) que, também poderá abater uma girafa  (um macho saúdavel de 7 anos), por não ter 'valor genético'. Detalhe: este também chamado de Marius!


    A controvérsia está em que, o Jyllands foi aprovado no programa europeu de melhoramento genético de girafas e pretende adquirir uma fêmea. Como há dois machos, o animal com “carga genética inferior” terá de ser afastado para que não haja disputas pela fêmea. Assim, novamente de maneira prática, o destino de Marius já está traçado: a morte.


   Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, um tratador do Jyllands - Janni Løjtved Poulsen - afirmou que o futuro de Marius cabe ao coordenador do programa de melhoramento genético, e garantiu que a opinião pública não afetará qualquer tipo decisão a ser tomada pela instituição.

   Tal fato resultou em nova revolta e mobilização pela internet: com duas petições online em favor da vida da girafa. Enquanto isso, a página do Jyllands no facebook está sendo alvo de manifestações exaltadas de pessoas contrárias à sua execução. A comoção se tornou tão grande que inclusive, o presidente da República da Chechênia (Rússia), Ramzan Kadyrov, anunciou pelo instagram (quinta-feira) que está disposto a adotar Marius. “Por razões humanitárias estou pronto a assumi-lo”, declarou Kadyrov. “Podemos garantir ao animal boas condições de detenção e tratamento de sua saúde. Esperamos que esta proposta seja recebida de forma positiva pela direção do zoológico de Jyllands”. Kadyrov é conhecido pela admiração aos animais por ter um grande zoológico particular.

   Perguntado sobre o caso aqui no Brasil, o presidente da Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca-Brasil), Marco Ciampi  disse que o motivo alegado pelo Jyllands é ainda mais banal que a justificativa do zoo de Copenhague. “Os diretores de zoológicos vêem as instituições como um museu vivo, onde há trocas de animais como peças de artes”, ressalta. Ainda na opinião de Campi, e endossada por grande parte de ambientalistas e pessoas ligadas ao setor; sacrificar qualquer espécime  que seja, por questões humanas e/ou por leis criadas para o benefício do homem e não do animal é um completo absurdo. “Prática que deve ser repudiada pela sociedade, inclusive com aplicação de fortes sanções contra essas instituições”. Ele revela ainda, que o atual modelo dos zoológicos vem sendo questionado, tanto no Brasil, como no exterior. “Criar um animal em cativeiro para fins educacionais é um completo absurdo. Esse modelo existe há cem anos e não condiz com as necessidades do século XXI”.


    Enquanto isso, na Dinamarca parece ser desconhecida uma prática primária: a de permuta ou mesmo doação, processo este, usal na maioria dos zoos do mundo, incluindo os brasileiros.

   A cerca de um ano tornou-se fato conhecido, que os habitantes da cidade Sorocaba (interior paulista) declararam em pesquisa que gostariam de ter uma girafa no zoo do município - um dos principais locais de lazer dos moradores, e de turistas de toda a região; motivo este, que um dos vereadores da câmara adotou a idéia e iria entrar com uma petição para aquisição de um exemplar do animal.

    Na natureza, as girafas vivem em grupos sociais e apesar de serem animais de grande porte, infelizmente, também tem como seu maior predador: o homem; seja através da caça ilegal, por conflitos ou da degradação de seu habitat. Cabe salientar, que esses animais são extremamente sensíveis; existindo um laço muito forte entre a mãe e filhote. A exemplo dos elefantes asiáticos, foi documentado cientificamente, que a mãe girafa vela por seu filho quando de sua morte prematura. 

   Assim, esses animais únicos e de rara beleza habitam o imaginário de toda criança, quando revela sua lista de bichos prediletos.

    Para quem se interessou segue abaixo o link da petição em prol da vida de Marius:

https://www.change.org/petitions/jyllands-park-zoo-spare-the-life-of-marius-the-giraffe-at-jyllands-park-zoo

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