segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Branca de Neve: Uma Visão Mística



    Do pomo da discórdia ao pomo de ouro do Jardim das Hespérides são várias representações do feminino, como espírito fertilizador. E em todas elas, encontramos, a maçã como um meio de conhecimento. Por vezes, é o fruto da árvore da vida versus o fruto da árvore da ciência, do bem e do mal; ressurgindo sempre como conhecimento unificador e conferindo imortalidade ou desagregação. Até em seu aspecto físico é possível constatar essa duplicidade. Assim, a maçã é símbolo do conhecimento, pois um corte feito ao meio  e na horizontal revela em seu íntimo, disposto pela localização das sementes,um pentagrama - símbolo tradicional do saber. Mas ele é também, o símbolo espiritual do homem.
    Em um dos clássicos dos irmãos Grimm, a Branca de Neve - onde tudo indica ter surgido a inspiração, através da história real de uma bela jovem, princesa alemã do século XVI, chamada Margarete von Waldeck, a qual possuía uma madrasta, Katharina von Hatzfeld. E o futuro rei da Espanha, Felipe II, pretendia se casar com ela, mas Margarete convenientemente, morreu envenenada... Afinal, não era bom para o Governo de Felipe II desposar uma jovem alemã, e 'alguém' deve ter dado um jeito. Existem alguns pontos bem diferentes da história real de Margarete, e também da conhecida no filme da Disney, à versão do conto dos Grimm, onde:
  •  A Rainha má pede ao caçador que retire além do coração, outros órgãos vitais do corpo da jovem, para que sejam-lhes servidos como banquete.
  • A maçã é apenas ofertada a Branca de Neve, e o 'feitiço' é fazê-la se engasgar com ela.
  • Conduído pela situação, o Príncipe encantado coloca o corpo desfalecido de Branca de Neve sobre seu cavalo, e do sacolejar o pedaço de maçã entalada se solta da garganta da jovem possibilitando sua respiração.
  • Levar o corpo era para que tivesse um enterro digno, como ditava o Cristianismo. Apesar de especulações relativas as reais intenções do tal príncipe com um cadáver... Em versão mais antiga ainda, o relato é de que o Príncipe mantém relações com Branca e do seu movimento sobre o corpo da jovem; faz com que o pedaço da maçã caia de sua garganta.
   Assim, os Anões mesmo depois de encontrarem Branca de Neve, supostamente envenenada pela maçã, não a enterram e também não conseguem ressuscitá-la, porque dentro de um contexto místico - faz-se necessário a união com o espírito, representado pelo Príncipe. E apesar da maçã ser um símbolo do mundo, a Rainha má oferece a Branca, apenas o aspecto mais externo, atraente e venenoso... Com o qual, ela tem que entrar em contato para dominá-lo.

   A história ainda nos revela, que apesar de aparentemente morta, Branca mantinha o  mesmo viço e a beleza de quando viva. Indicativo de que a alma só está pronta para ação do espírito, quando o corpo jaz transfigurado e dissolvido nela. Quanto ao pedaço da maçã, que Branca de Neve não engoliu (não se tornando parte dela) é na verdade, um último vestígio do mundo que nela se mantinha. E que é retirado/expelido da interferência do Príncipe; mostrando então, que o espírito dá a forma final à alma.


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