domingo, 1 de fevereiro de 2015

Energias do Mês de Shabatu: A Constelação da Ânfora



Por Carmen K'hardana
(baseado na Tradição Navi - Ancestral do Deserto)



   E chega Shabatu, o mês regido por Asherá. Sh’lama Asherá!

   O mês da ânfora é o mês marcado por uma das danças mais antigas de nossa tradição, o guedra. A palavra guedra significa ânfora… representando a energia sexual feminina, a fecundidade e a fertilidade de toda a tribo. A finalidade do guedra é afastar as energias contrárias ao acampamento e aproximar a força dos ancestrais. Há uma profunda relação entre a guedra (ânfora) e as águas internas do abdômen, que são equilibradas com uma alimentação saudável e lúcida. Este mês é todo dedicado a Asherá, e dentro da simbologia das faces do feminino sagrado, Asherá é todo o sentido de fecundidade, prosperidade e sustento. Há uma profunda relação entre a ideia do sustento com a alimentação. Se tratarmos o alimento com o devido respeito, é como se estivéssemos assim tratando a própria Asherá!

   No primeiro dia desse ciclo lunar, celebramos o nascimento de Asherá, que é filha de Innanah com El. Enquanto Innanah é o sonho sagrado, Asherá é o sonho em fluxo. É o sonho em movimento, em vivência, e todas as experiências que derivam desse sonho. É o rastro desse sonho em fluxo que chamamos de shuasar (fluxo em abundância), e é por isso mesmo que dentro da mitologia Naví, Asherá é a guardiã do shuasar, que é a memória armazenada de todos os sonhos de Innanah. O nome shuasar também indica água em abundância, fazendo referência aos fluxos subterrâneos de água e ao mar.

   Em ikle, mar é “yama”, uma palavra que também faz referência ao infinito. A força do mar é o reservatório infinito das memórias de tudo o que já ocorreu no mundo.  É do mar que o pensamento das tradições é transmitido aos seres. É o mar que inspira os pensadores a se tornarem porta voz de uma sabedoria. O termo  “yama” é formado por “ya” que significa clareza, e “ma” que é uma expressão para designar o sonho de Innanah. Yama é portanto o sonho de Innanah  que deixou de ser mistério (por já ter ocorrido) e se tornou revelado (claro). Se Innanah é uma deusa que contém o futuro, Asherá é a deusa que contém o passado.

   Asherá é conhecida como a Rainha do G’nat Dania (Jardim do Eden) pois, durante todo o período em que vivemos neste estado espiritual foi ela quem governou a mundo de baixo (terra). Há também uma profunda relação entre Asherá e a ruptura. Uma das manifestações de Asherá na natureza são as árvores, e devemos nos lembrar da profunda relação entre a árvore e a ação de ruptura com o estado original do homem (a queda do homem e sua saída de G’nat Dania). Foi por não respeitar a distância adequada na relação a uma árvore sagrada, que o homem sucumbiu ao diálogo interno e com isso, perdeu sua visão espiritual. Pode-se dizer que a perda do respeito em relação ao Sagrado Feminino foi a causa original e mola propulsora da ruptura original. A perda da reverência em relação a Asherá (Árvore das Vidas) é a perda do contentamento que tanto marcou a existência humana após a ruptura.

YUMÁ ASHERÁ – DIA DE ASHERÁ

   O décimo quinto dia deste mês (shabatu) é “Yumá Asherá”. Este dia possui uma profunda relação com a nossa ligação com a ancestralidade. Essa ligação se dá por intermédio de um padrão de conexão que fazemos com o shuasar (a memória do mundo, ou o mundo espiritual em outras tradições). O shuasar é um fluxo de energia, presente no mundo, e que contém a memória de toda sabedoria essencial. Uma das formas mais eficientes de fazer essa ligação é através da energia e dos filamentos existentes nos frutos das árvores. Os frutos não só alimentam o nosso corpo como também alimentam nosso espírito de inspirações ancestrais. No dia 15 de Shabatu (será 3 de Fevereiro no calendário comum), Asherá deposita em cada fruto do mundo uma chave de conexão com o shuasar e desta forma obtemos a permissão espiritual para acessarmos a memória do mundo que irá nos inspirar ao longo dos próximos 12 meses.
 

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